Santa Inês tornou-se ao longo dos seus 46 anos de
emancipação, uma das cidades mais conhecidas do Estado do Maranhão; e ainda no
leste do Piauí e boa parte do Oeste do Pará. Com um fluxo de pessoas
diferenciado dos demais municípios das regiões dos vales do pindaré, do mearim
e da baixada maranhense. A cidade foi ganhando espaço na hierarquia urbana
regional e tornou-se importante no cenário macrorregional do Estado.
Hoje, famosa por sua dinâmica na movimentação de bens/serviços e comércio, em momentos passados com famas desagradáveis e tristes de lembrar, que vão desde uma cidade que já apresentou altos indicies de pistolagem e grilagem de terras; até a ocupação na mídia por assassinatos em série de casais por bandidos que na época declaram “matar por esporte”.
Hoje, famosa por sua dinâmica na movimentação de bens/serviços e comércio, em momentos passados com famas desagradáveis e tristes de lembrar, que vão desde uma cidade que já apresentou altos indicies de pistolagem e grilagem de terras; até a ocupação na mídia por assassinatos em série de casais por bandidos que na época declaram “matar por esporte”.
A pistolagem, graças a Deus, cessou, a grilagem de terras
diminui bastante, e os crimes mudaram sua forma e abrangência. Hoje, Santa Inês
infelizmente sofre assim como vários outros municípios brasileiros com o alto
índice de venda e tráfico de drogas e por consequência seus efeitos colaterais
diretos, que vão desde assaltos constantes a população, sem respeito de idade
ou fragilidade, até assassinatos dentro daqueles grupos que estão envolvidos
diretamente com a venda e o consumo de drogas. Mas como eu disse antes, este
não é um problema exclusivamente nosso. Faz parte das consequências da
urbanização desordenada e da atual crise humana nos aspectos pessoal e
espiritual.
No campo da economia, Santa Inês é sustentada por uma
dinâmica comercial e de prestação de serviços – que vem se ampliando a cada
dia, apoiada ainda por movimentação financeira de programas sociais e do número
considerável de aposentados e pensionistas do INSS, além dos salários oriundos
do terceiro setor. Porém, o número de indústrias instaladas ainda é baixo; se
levarmos em conta a localização privilegiada que a cidade possui. A saber,
Imperatriz em situação parecida, já conta com um número considerável de
indústrias.
Com exceção da COSIMA (que é totalmente vulnerável ao
cenário internacional) e da Ferronorte (que também depende do mercado externo)
as demais não causam grande influência nos rumos econômicos da cidade, por
terem pouca influência sobre o PIB do município e também pelo baixo numero de
empregos gerados em termos percentuais.
Várias instituições importantes e essenciais se instalaram
na cidade. Fortalecendo assim seu crescimento nos mais diversos campos. Na área jurídica vieram o Fórum e o
Ministério Público Estadual, por exemplo. Na financeira temos agencias dos
principais bancos nacionais. Na educacional, recebemos de braços abertos os
Campi do IFMA e da UEMA, esta recebeu da VALE recentemente o titulo de
propriedade do prédio em que funciona atualmente. Um presente não só para a
Universidade, mas para a população como um todo.
No entanto, a cidade além de crescer também inchou. O Poder
Público e o próprio setor privado, em alguns casos, ainda não perceberam que o
município está precisando de novos e maiores investimentos em vários setores. O
que estão esperando? Em particular, ainda não consegui decifrar. Digo sem medo
de errar, se continuar no ritmo em que está indo, a cidade de Santa Inês estará
à beira do caos em pouco tempo. Além de sua própria população, giram em torno
de vinte cidades que dependem de uma forma de outra do nosso município para a
solução de alguma questão.
Para onde se olha existem filas: lotéricas, bancos,
correspondentes, previdência, cartórios, serviços públicos em geral e clínicas
particulares. Estas ultimas, talvez não estariam tão entupidas de pessoas se a
saúde pública da cidade funcionasse. A
saber, para um clínico geral são oferecidos algo em torno de vinte fichas para
consultas em um único dia da semana para todo a população, que visivelmente já
beira os cem mil habitantes.
Em nosso entendimento, Santa Inês precisa com urgência de no
mínimo mais duas agências do Banco do Brasil, uma da Caixa Econômica Federal,
além do acréscimo de um ou dois bancos privados. Além de um departamento de
transito e uma secretaria de urbanismo que funcionem e de fato traga mobilidade
urbana para a cidade. O que nem de longe vem ocorrendo.
Temos ainda a estrema necessidade de um Ministério Público
mais firme e com maior atuação frente a práticas abusivas tanto do setor
privado como o público. O aumento abusivo e sem vergonha da taxa de iluminação
pública enviado pelo chefe do executivo e aprovado sem consentimento ou
discussão com a população na câmara municipal. Traduz-se em um dos exemplos em
que o MP deveria, por sua razão de existir, intervir por nós.
Na política, setor na qual grande parte das pessoas ainda
depositam sua esperança de uma vida melhor. A polução da cidade vive um momento
interessante. Cansada de gestores que tinham fama de não dialogarem com a
sociedade para tomada de suas decisões. Os eleitores decidiram dar uma chance
para um candidato que insistia em pedir uma chance para governar a cidade e
mostrar serviço. Mas na prática, o atual prefeito, que tanto pediu esta
oportunidade, ainda não “mostrou a que veio”.
A época de Franklin Seba, o discurso era a falta de verbas
devido o momento econômico que o país atravessava, e que o poder da prefeitura
era limitado. Já na administração do Dentista Alexandre Dames. Bom, nesta, eu
nem sei dizer qual era a desculpa. Adiante nas gestões de Valdivino Cabral a
cidade até conheceu algumas obras que para a época eram essenciais. Mas com o
tempo, o engenheiro e político se mostrou centralizador em excesso e perdeu
parte de seu prestigio. Fato este que não o impediu de eleger seu sucessor,
devido a popularidade e aprovação de sua gestão que ainda existia em grande
parte da população.
Na administração de Roberth Bringel, Santa Inês ganhou
avanços e retrocessos. Na área educacional foram construídas novas escolas e
reformadas outras, os pequenos povoados dos municípios foram lembrados, e a
infr-estrutura da cidade melhorou, principalmente no quesito pavimentação de
ruas. Mas o mal atendimento ao público em geral e o fato de não saber ouvir
opinião nem mesmo dos aliados, o levaram a cometer vários erros
administrativos. O mesmo não deu importância quando a UFMA demonstrou interesse
em vir para nossa cidade. E infelizmente não teve coragem de resolver problemas
sérios que ao longo de seu mandato foram crescendo, por exemplo, o problema da
feira da barreirinhas que até hoje ocorre em
praça pública, e a desordem que se instalou na rua do comércio e nas
laranjeiras, que poderiam estar em outra situação hoje.
E agora neste aniversário de 47 anos de emancipação, já na
administração do médico e ex-deputado federal Ribamar Alves a população parece
não entender o por que de esta pessoa ter pedido tanto para ser prefeito de
nossa cidade.
Seu mandato inicia com um erro grotesco que um homem público
pode cometer. Falo do fato de o atual gestor tentar a todo custo não empossar
os aprovados no ultimo concurso realizado pela prefeitura ainda na gestão
passada. O que feriu não só a honra e a esperança de quem estudou e conquistou
o seu emprego, mas também de todos os seus familiares que torciam dia e noite
por esta convocação. Interessante que posteriormente o chefe do executivo teve
que iniciar as convocações por força da justiça. Situação que poderia ter sido
diferente, e esse desgaste evitado.
O Campus da UFMA tão cogitado em campanhas passadas, e tão
almejado pela população de Santa Inês, agora, este projeto parece ter sido
esquecido; tanto pelo atual prefeito como por nossos vereadores.
E a cidade vai conhecendo novos problemas que antes não se
apresentavam com tanta força. Bairros praticamente inteiros sem iluminação
pública. Pontos de luz de várias ruas apagados desde o ano passado. E a falta
de comunicação com a sociedade observada nas gestões passadas, agora parece se
apresentar com mais força nesta administração. Nem mesmo seus próprios
secretários demonstram satisfação na atenção dada prefeito, faça uma conta nós,
‘pobres mortais’.
Mas ainda temos esperança na Câmara Municipal. Quero dizer,
o normal seria ter no legislativo a representação legal no poder da população
através de seus delegados formais. Mas esta casa infelizmente tem se
apresentado fraca e visivelmente subordinada ao executivo. Parece que os vereadores
ainda não entenderam que recebem salários sem atrasos e pagos por nós para
devender os interesses da população e não somente da prefeitura que pode hora
ou outra cometer erros que podem afetar diretamente a vida de todos nós.
Difícil se tornou ver a câmara votando e discutindo um
projeto elaborado pelos próprios vereadores. Virou prática, no entanto, o
executivo enviar matérias para serem votadas faltando alguns minutos para
iniciar a sessão. Um total desrespeito com a legitimidade e a honra dos próprios
vereadores e com a própria casa, que ao nosso entendimento deveria ser
autônoma, tendo inclusive o poder de recusar esse tipo de ação do outro poder.
Façamos o seguinte então, vamos comemorar o aniversário da
cidade mesmo assim, porque poderia ser ainda pior. Falo sério, Bacabal ao nosso
lado está conseguindo isso. Ou vamos comemorar porque apesar de tudo, Santa
Inês se tornou uma cidade com grande potencial de crescimento. Vamos comemorar
pela vida de cada um de nós que nasceu neste lugar, e por cada um que, assim
como eu, teve que sair daqui para estudar fora, mas que agora, com formação
pode de alguma forma contribuir para ela se tornar melhor. É caso de vários
colegas meus que sonhavam em fazer medicina e agora são médicos atuando neste
município e região. Vamos comemorar porque nem tudo está perdido, nossas
igrejas –católicas e evangélicas – têm crescido em número de fies e obras
realizadas. Enfim, vamos comemorar porque nossa cidade se tornou forte e
prospera.
Ricardo Henrique
Mestrando
em Desenvolvimento Regional – UEMA
Graduado
em Geografia - UFMA
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