sexta-feira, 14 de março de 2014

ANIVERSÁRIO DE SANTA INÊS, O QUE COMEMORAR?

Santa Inês tornou-se ao longo dos seus 46 anos de emancipação, uma das cidades mais conhecidas do Estado do Maranhão; e ainda no leste do Piauí e boa parte do Oeste do Pará. Com um fluxo de pessoas diferenciado dos demais municípios das regiões dos vales do pindaré, do mearim e da baixada maranhense. A cidade foi ganhando espaço na hierarquia urbana regional e tornou-se importante no cenário macrorregional do Estado.  


 Hoje, famosa por sua dinâmica na movimentação de bens/serviços e comércio, em momentos passados com famas desagradáveis e tristes de lembrar, que vão desde uma cidade que já apresentou altos indicies de pistolagem e grilagem de terras; até a ocupação na mídia por assassinatos em série de casais por bandidos que na época declaram “matar por esporte”.
A pistolagem, graças a Deus, cessou, a grilagem de terras diminui bastante, e os crimes mudaram sua forma e abrangência. Hoje, Santa Inês infelizmente sofre assim como vários outros municípios brasileiros com o alto índice de venda e tráfico de drogas e por consequência seus efeitos colaterais diretos, que vão desde assaltos constantes a população, sem respeito de idade ou fragilidade, até assassinatos dentro daqueles grupos que estão envolvidos diretamente com a venda e o consumo de drogas. Mas como eu disse antes, este não é um problema exclusivamente nosso. Faz parte das consequências da urbanização desordenada e da atual crise humana nos aspectos pessoal e espiritual.
No campo da economia, Santa Inês é sustentada por uma dinâmica comercial e de prestação de serviços – que vem se ampliando a cada dia, apoiada ainda por movimentação financeira de programas sociais e do número considerável de aposentados e pensionistas do INSS, além dos salários oriundos do terceiro setor. Porém, o número de indústrias instaladas ainda é baixo; se levarmos em conta a localização privilegiada que a cidade possui. A saber, Imperatriz em situação parecida, já conta com um número considerável de indústrias.
Com exceção da COSIMA (que é totalmente vulnerável ao cenário internacional) e da Ferronorte (que também depende do mercado externo) as demais não causam grande influência nos rumos econômicos da cidade, por terem pouca influência sobre o PIB do município e também pelo baixo numero de empregos gerados em termos percentuais.
Várias instituições importantes e essenciais se instalaram na cidade. Fortalecendo assim seu crescimento nos mais diversos campos.  Na área jurídica vieram o Fórum e o Ministério Público Estadual, por exemplo. Na financeira temos agencias dos principais bancos nacionais. Na educacional, recebemos de braços abertos os Campi do IFMA e da UEMA, esta recebeu da VALE recentemente o titulo de propriedade do prédio em que funciona atualmente. Um presente não só para a Universidade, mas para a população como um todo.
No entanto, a cidade além de crescer também inchou. O Poder Público e o próprio setor privado, em alguns casos, ainda não perceberam que o município está precisando de novos e maiores investimentos em vários setores. O que estão esperando? Em particular, ainda não consegui decifrar. Digo sem medo de errar, se continuar no ritmo em que está indo, a cidade de Santa Inês estará à beira do caos em pouco tempo. Além de sua própria população, giram em torno de vinte cidades que dependem de uma forma de outra do nosso município para a solução de alguma questão.
Para onde se olha existem filas: lotéricas, bancos, correspondentes, previdência, cartórios, serviços públicos em geral e clínicas particulares. Estas ultimas, talvez não estariam tão entupidas de pessoas se a saúde pública da cidade funcionasse.  A saber, para um clínico geral são oferecidos algo em torno de vinte fichas para consultas em um único dia da semana para todo a população, que visivelmente já beira os cem mil habitantes.
Em nosso entendimento, Santa Inês precisa com urgência de no mínimo mais duas agências do Banco do Brasil, uma da Caixa Econômica Federal, além do acréscimo de um ou dois bancos privados. Além de um departamento de transito e uma secretaria de urbanismo que funcionem e de fato traga mobilidade urbana para a cidade. O que nem de longe vem ocorrendo.
 Temos ainda a estrema necessidade de um Ministério Público mais firme e com maior atuação frente a práticas abusivas tanto do setor privado como o público. O aumento abusivo e sem vergonha da taxa de iluminação pública enviado pelo chefe do executivo e aprovado sem consentimento ou discussão com a população na câmara municipal. Traduz-se em um dos exemplos em que o MP deveria, por sua razão de existir, intervir por nós.
Na política, setor na qual grande parte das pessoas ainda depositam sua esperança de uma vida melhor. A polução da cidade vive um momento interessante. Cansada de gestores que tinham fama de não dialogarem com a sociedade para tomada de suas decisões. Os eleitores decidiram dar uma chance para um candidato que insistia em pedir uma chance para governar a cidade e mostrar serviço. Mas na prática, o atual prefeito, que tanto pediu esta oportunidade, ainda não “mostrou a que veio”.
A época de Franklin Seba, o discurso era a falta de verbas devido o momento econômico que o país atravessava, e que o poder da prefeitura era limitado. Já na administração do Dentista Alexandre Dames. Bom, nesta, eu nem sei dizer qual era a desculpa. Adiante nas gestões de Valdivino Cabral a cidade até conheceu algumas obras que para a época eram essenciais. Mas com o tempo, o engenheiro e político se mostrou centralizador em excesso e perdeu parte de seu prestigio. Fato este que não o impediu de eleger seu sucessor, devido a popularidade e aprovação de sua gestão que ainda existia em grande parte da população.
Na administração de Roberth Bringel, Santa Inês ganhou avanços e retrocessos. Na área educacional foram construídas novas escolas e reformadas outras, os pequenos povoados dos municípios foram lembrados, e a infr-estrutura da cidade melhorou, principalmente no quesito pavimentação de ruas. Mas o mal atendimento ao público em geral e o fato de não saber ouvir opinião nem mesmo dos aliados, o levaram a cometer vários erros administrativos. O mesmo não deu importância quando a UFMA demonstrou interesse em vir para nossa cidade. E infelizmente não teve coragem de resolver problemas sérios que ao longo de seu mandato foram crescendo, por exemplo, o problema da feira da barreirinhas que até hoje ocorre em  praça pública, e a desordem que se instalou na rua do comércio e nas laranjeiras, que poderiam estar em outra situação hoje. 
E agora neste aniversário de 47 anos de emancipação, já na administração do médico e ex-deputado federal Ribamar Alves a população parece não entender o por que de esta pessoa ter pedido tanto para ser prefeito de nossa cidade.
Seu mandato inicia com um erro grotesco que um homem público pode cometer. Falo do fato de o atual gestor tentar a todo custo não empossar os aprovados no ultimo concurso realizado pela prefeitura ainda na gestão passada. O que feriu não só a honra e a esperança de quem estudou e conquistou o seu emprego, mas também de todos os seus familiares que torciam dia e noite por esta convocação. Interessante que posteriormente o chefe do executivo teve que iniciar as convocações por força da justiça. Situação que poderia ter sido diferente, e esse desgaste evitado.
O Campus da UFMA tão cogitado em campanhas passadas, e tão almejado pela população de Santa Inês, agora, este projeto parece ter sido esquecido; tanto pelo atual prefeito como por nossos vereadores.
E a cidade vai conhecendo novos problemas que antes não se apresentavam com tanta força. Bairros praticamente inteiros sem iluminação pública. Pontos de luz de várias ruas apagados desde o ano passado. E a falta de comunicação com a sociedade observada nas gestões passadas, agora parece se apresentar com mais força nesta administração. Nem mesmo seus próprios secretários demonstram satisfação na atenção dada prefeito, faça uma conta nós, ‘pobres mortais’.
Mas ainda temos esperança na Câmara Municipal. Quero dizer, o normal seria ter no legislativo a representação legal no poder da população através de seus delegados formais. Mas esta casa infelizmente tem se apresentado fraca e visivelmente subordinada ao executivo. Parece que os vereadores ainda não entenderam que recebem salários sem atrasos e pagos por nós para devender os interesses da população e não somente da prefeitura que pode hora ou outra cometer erros que podem afetar diretamente a vida de todos nós.
Difícil se tornou ver a câmara votando e discutindo um projeto elaborado pelos próprios vereadores. Virou prática, no entanto, o executivo enviar matérias para serem votadas faltando alguns minutos para iniciar a sessão. Um total desrespeito com a legitimidade e a honra dos próprios vereadores e com a própria casa, que ao nosso entendimento deveria ser autônoma, tendo inclusive o poder de recusar esse tipo de ação do outro poder.
Façamos o seguinte então, vamos comemorar o aniversário da cidade mesmo assim, porque poderia ser ainda pior. Falo sério, Bacabal ao nosso lado está conseguindo isso. Ou vamos comemorar porque apesar de tudo, Santa Inês se tornou uma cidade com grande potencial de crescimento. Vamos comemorar pela vida de cada um de nós que nasceu neste lugar, e por cada um que, assim como eu, teve que sair daqui para estudar fora, mas que agora, com formação pode de alguma forma contribuir para ela se tornar melhor. É caso de vários colegas meus que sonhavam em fazer medicina e agora são médicos atuando neste município e região. Vamos comemorar porque nem tudo está perdido, nossas igrejas –católicas e evangélicas – têm crescido em número de fies e obras realizadas. Enfim, vamos comemorar porque nossa cidade se tornou forte e prospera.
Ricardo Henrique
Mestrando em Desenvolvimento Regional – UEMA
Graduado em Geografia - UFMA

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